quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mãe

Depois de uma conversa sobre quem poderia dar uma palestra no dia das mães, para as mães dos alunos da escola que trabalho, fiquei a pensar algumas coisas.
Como definir essa palavra, ou melhor, esse papel social “mãe”?
Mãe é um rótulo que envolve nossas mulheres, como se fossem naturalmente destinadas à procriação. Desde pequenas com suas bonecas, com suas casinhas, reproduzindo uma certa lógica cultural necessária.
Moças com seus sonhos e seus presentes de pretendentes, inconscientes.
Ursos de pelúcias, cachorros tão fofos, guiando as candidatas ao parto.
Quanta mágica foi envolvida na “mãe”, o quanto foi exigido desse papel. O quanto de fracasso humano foi direcionado para ausência desse ser mítico.
Essa heroína deprimida e valente, capaz de suportar tudo.
O que sobra para a mulher por trás desse papel social?
É pesado esse fardo, essa cruz.
E hoje nem mais honra há. Mas nossas mulheres sustentam essa ruína prestes a vir a baixo.
A cultura reservou um lugar doentio para mulher viver e a luta reservou um dia para comemorar sua ruptura com essa dor imposta.
Por um lado o dia das mães, e nele toda sociedade reunida e aplaudindo o que lhe é necessário a um custo muito alto para mulher.
Por outro, o dia da mulher como anuncio de sua libertação declarada de nossa cultura machista.