A Psicologia Existencialista compreende que as emoções sempre estão relacionadas com um objeto ou situação. Não há emoção que brota por si mesma de algo interno sem relação com o mundo a nossa volta. Ninguém fica triste sem motivo, pode ser que você não consiga relacionar a sua tristeza com um possível motivo, mas isso não quer dizer que não exista um. Na Psicanálise, por exemplo, quando não sabemos a razão de uma emoção sentida, atribui-se ao que Freud chamou de Inconsciente. O Inconsciente é um “local” em nós que abriga as vivências que não são mais lembradas.
Assim, nos diz a Psicanálise, quando acordamos pela manhã com um aperto no coração e não sabemos o motivo, foi porque num sonho (as vezes nem lembramos mais dele pela manhã) liberou do inconsciente uma emoção e não conseguimos fazer nenhuma conexão com uma situação específica. Essa emoção pode nunca ser compreendida, pois pode estar relacionada com algo vivenciado numa infância muito tenra. Na Psicologia Existencialista nossas emoções estão relacionadas com nossas experiências e, por isso mesmo, devem ser compreendidas a partir das experiências causadoras dessa: alegria, tristeza, amor, ódio, frustração...
Nós, Psicólogos Existencialistas, não trabalhamos com a ideia de um Inconsciente, mas concordamos com o fato de muitas vezes não conseguirmos associar nossa emoção a um fato específico. Porém, o mais importante para a Psicoterapia Existencialista é poder compreender a forma como sentimos nossas emoções e como construímos esse jeito particular de lidar com elas, que cada um de nós desenvolve durante a vida.
Um olhar mais atento sobre nós mesmos, principalmente quando estamos num processo terapêutico, mostra a intensidade das emoções que experimentamos. Não é por nada que para algumas pessoas a tristeza é mais intensa quando está diante de uma separação, enquanto outras ficam mais tristes com ausência de recursos financeiros e outras com a solidão. O motivo de maior ou menor emoção nas diferentes situações está no fato de que naquele momento que experimentamos a emoção como a tristeza pela separação, apesar de ser uma experiência única, ela é experimentada tendo um acumulo de tantos outros momentos de separação que se somam e indicam uma forma própria de lidar com a separação que foi construída ao longo da vida e, por isso mesmo, se sofre mais ou menos, pois depende do quanto essas situações nos afetaram.
Compreender a forma como lidamos com as emoções e como desenvolvemos essa estrutura de personalidade, esse jeito próprio de lidar com as coisas que, vez por outra nos afronta, é o primeiro passo dentro de uma terapia. Agora, conseguir modificar esse jeito de lidar com as emoções por outro que nos faça sofrer menos é o segundo e mais difícil passo. Para tal, deve existir apoio terapêutico para que a pessoa possa arriscar outras e diferentes formas de vivenciar as emoções. A ideia de mudança é o ponto que deve ser discutido, pena que muitas pessoas preferem sofrer da forma que já estão acostumadas do que mudar para uma vida melhor.