O homem tem sido considerado um ser racional, um ser capaz de pensar e, por isso, superior aos outros animais. A primeira questão fundamental quando nos propomos a discutir a racionalidade humana é a ausência de valor nessa discussão, pois podemos ser racionais, porém, não significa que somos morais na racionalidade. A segunda questão fundamental diz respeito à crença de que somos desde sempre racionais, ou seja, que nascemos com a capacidade de pensar, sendo esta uma habilidade inata. Questionável tal afirmação.
A Racionalidade tomou forma e assumiu papel importante entre nós humanos quando Descartes refletiu o seu cogito: “Penso logo existo”. Em outras palavras, sou algo que existe enquanto penso. Para Descartes, pensar é a mais importante forma de existir. Mas será que a racionalidade deve nos guiar, será que nossa ética deve ser baseada nela?
Pascal pensou diferente, em sua mais famosa frase disse: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Realmente, segundo Pascal, deve existir uma forma de racionalidade que siga o coração, uma razão que não seja insensível, pois se for, destruirá muito do que somos. Porém, a insensibilidade da razão tem destruído um pouco mais de cada um de nós em cada atitude que não é pautada por uma moral que vise o desenvolvimento da humanidade em todas as suas formas.
Nosso coração insiste em dizer que nem sempre temos razão, que muitas das nossas investidas racionais necessitam de um pouco mais de sentimentos, que a vida não pode se tornar tão dura quando a racionalidade que se nega a ver com a sensibilidade o mundo e os outros.
Na vida, muitas vezes, a racionalidade exigida pelo sistema nos torna menos humano e mais máquina. Devemos pensar e nos deixar inflamar por sentimentos, fazendo da racionalidade um meio de fazer aflorar com decência nossos sentimentos, transformado-os em possibilidades reais de condutas que visam projetos existenciais, mas nunca devemos deixar que a razão supere a emoção.