sábado, 2 de janeiro de 2010

Em Busca do Ideal

Durante toda a vida perseguimos ideais. Nem sequer sabemos ao certo se eles existem de fato, mas somos seduzidos por eles. O amor ideal, o homem ou a mulher ideal, o trabalho ideal, a vida ideal. Cazuza dizia: “O amor é o ridículo da vida, pois busca uma perfeição que não existe”. Sabias palavras. Será que alguma mulher já encontrou o homem ideal, será que algum trabalho é o ideal, alguma vida é a ideal? O ideal que nos ensinaram a buscar não existe. Convenceram-nos a buscar algo que é ridículo, que nunca encontraremos.

Todo menino ao crescer percebe que seu pai não é o herói que pensou ser, que a mãe não lhe amará incondicionalmente, ao contrário, imporá condições para amá-lo. A menina iludida pela figura paterna buscará num outro homem as mesmas qualidades para poder amá-lo e depois perceberá que conviver com alguém como seu pai não é tão bom assim. A mãe, depois de se dedicar ao filho, o verá já adulto indo embora sem agradecer e perceberá que se esqueceu dela mesma em função do filho. O pai de família ao se aposentar e ter seu primeiro AVC ficará pensando se sua vida teve algum sentido além de trabalhar para dar de comer aos filhos ingratos que partiram e que antes mesmo de sua morte já disputam herança. Essas coisas os pais não dizem, os filhos não comentam, as mães não deixam transparecer. Porém, não deixam de ser, em muitos casos, verdades incontestáveis que caminham no sentido contrário do ser ideal.

São as pequenas coisas que destroem o ideal. As farpas trocadas entre um casal, a raiva sem sentido de um pai, a proibição incompreendida da mãe, o dia D no trabalho, o amigo que não estendeu os braços quando mais precisamos, em fim, a vida real, tal como ela é se sobrepondo ao que esperamos dela, ou seja, a contradição do que nos ensinaram a buscar e o que de fato a vida é.

O ideal é mais uma forma de nos fazer sofrer, pois jamais o atingiremos. Será sempre o ridículo da vida. Até a mulher ideal tem TPM, mesmo o homem ideal as vezes é insensível, o amor tal como a cultura nos mostra é inatingível. Restam-nos dois caminhos: acreditar que o ideal existe e que nós é que não o atingimos ou perceber que mesmo que não seja o ideal não significa que as experiências da vida não sejam muito boas. O amor não é perfeito, mas vale apena amar e ser amado, mesmo que acabe um dia; os homens são insensíveis, mas alguns são mais sensíveis, as mulheres com TPM podem ser histéricas, mas em outros momentos podem ser muito amáveis, o trabalho pode ser estressante as vezes, mas é motivo de orgulho em outras.

Você não deve perseguir um ideal, deve estar aberto para experimentar a vida com todas as suas realidades.

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